sexta-feira, 4 de setembro de 2015

domingo, 30 de agosto de 2015

Instituições promotoras e financiadoras


Programa

PROGRAMAÇÃO DO EVENTO

Período: 10, 11 e 12 de setembro de 2015


QUINTA FEIRA. Dia 10 de Setembro.
Local: Casarão 8.


14:00 Abertura.

14: 10
Coreo-grafar ou a Arte de espaçar. Desconstrução/Filosofia, Arquitectura e Política.Profa. Dra Fernanda Bernardo. Universidade de Coimbra. Faculdade de Letras


14:50
As coreografias do (não)lugar: toda desconstrução é em última instância uma desconstrução da topologia.Prof. Dr. Rafael Haddock-Lobo. Faculdade de Filosofia. UFRJ


15:20
Refugiados, andarilhos e abandonados.
Eduardo Rocha. Faculdade de Arquitetura. UFPEL

15:50
Geosambalidades: corpo-samba como cartografias na cidade. Wallace Lopes Silva. Fac. Filosofia UERJ

16:20
Arquitetura, imersão, dança-escritura, performance. Marcio Pizarro Noronha. Faculdade de Historia. UFG 


16:50- 17:20Debates

INTERVALO. (Glas café)

17:50
Espectros de Jacques Derrida en la arquitectura territorial de Peter Eisenman: la Khôra y huella derrideana y la excavación arqueológica ficticia eisenmaniana. Prof. Vicente Medina. Universidad Alfonso X de Madrid / FAU-Univ. Nacional de Tucumán.

18:30
A maldição do Arconte: as táticas de amnésia na Universidade.Ricardo Barberena. Faculdade de Letras. PUC

19:00
Os conceitos de différance e de metáfora: processos projetuais do Parc de La Villette.Gabriel Silva Fernandes . Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. UFPEL


19:30
“É um instante’: da construção do tempo teleológico à construção da perda – emergência do presentismo em Goiás.
Wilton Medeiros. Faculdade de Arquitetura. UEG

20:00 – 20:30 Debates

21:30- Jantar de confraternização

SEXTA FEIRA. Dia 11.
Local: Biblioteca Pública Pelotense


13. 30 h
Políticas de la espacialidad: el otro (animal) como locus ilocalizable e “intocable”.
Mónica B. Cragnolini. Facultad de Filosofía y Letras. (Universidad de Buenos Aires/CONICET)

14:10
Derivas epistemológicas e etimológicas em torno de conceitos de Hospitalidade, Violência e Soberania.
Igor Guatelli. Faculdade de arquitetura. Universidade Mackenzie. SP


14:40
Espectros e rastros da cidade – escritura, arquitetura, desconstruções.
Jonathan Fajardo

15:10
Projeto entre designo e desvio.
Prof. Dr. Paulo Reyes. Faculdade de Arquitetura. UFRGS

15:40
Hospitalidade e desejo no ensino de projeto de arquitetura.
Paulo Afonso Rheingantz. Faculdade de Arquitetura. UFRJ. UFPEL

16:10
Filosofia, frivolidade e a ficção da abordagem linguística da arquitetura.
Silvio Jantzen. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. UFPEL

16:10- 16:40
Debates

17:10-Intervalo. Glas Café

17:50
Entreabierta. El lugar de la escritura. Derrida en la WEB.
Prof. Dr. Horacio Potel. Universidad de Lanus. Buenos Aires

18:30
Espacialidades e espectralidades abissais.
Profa. Dirce Solis, Faculdade de Filosofia UERJ

19:00
Madame Satã e as Escrituras da cidade.
Marcelo Moraes. Faculdade de Filosofia. UERJ
Adriano Negris. Faculdade de Filosofia. UERJ

19:30
Governamentalidade, Insurreição, Contra-planejamento: de que Urbano, afinal, fala Michel Foucault?
Rita Velloso. Faculdade de Arquitetura. UFMG

20:00-20:30
Debates

21.30 h Jantar de confraternização


SÁBADO. Dia 12.
Local: FAUrb/ Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. UFPel

13.30
Passagem.
Celma Paese. UFRGS

14:00
As pontes de Medellín.
Julian Grub. Faculdade de Arquitetura. UNISINOS. RS

14:30
Destruir para construir: cortes e aberturas de Gordon Matta-Clark.
Profa. Daniela Cidade. Faculdade de Arquitetura. UFRGS

15:00
Arquitetura entre-texto: discurso e linguagem em Derrida e Tschumi.
Flavia Nacif Costa. UFSJR

15:30- 16 h Debates

16h Intervalo- Glas café.

16:30
Os Lugares do Sepé.
Marcelo Kiefer. UFRGS

17:00
O orelhão.
Ana Paula Viecelli. UFRGS

17:30
A porta.
Fernando Fuão. Faculdade de Arquitetura. UFRGS

18:00- 18:30
Debates. ENCERRAMENTO

21:30 Jantar de confraternização.

Mapa evento


segunda-feira, 11 de maio de 2015



I Colóquio Internacional
Arquitetura, Derrida e aproximações.
QUERÊNCIAS DE DERRIDA
Moradas da arquitetura e da filosofia
 
 
APRESENTAÇÃO 

Querências de Derrida, casas de Derrida: casa sem casa, cidade sem cidade, moradas (de) moradas, corpos que acolhem. Onde é a casa de Derrida, onde vive hoje, onde se pensa, constrói e onde moram suas ideias? onde está seu aninhamento?

Suas ideias viajaram ao redor do mundo, pararam aqui, acolá, como sementes, algumas germinam no impensável e no improvável lugar. O lugar tem vida para além do entendimento racional e de toda cerração da linguagem, ele acolhe não só no conhecimento dos homens mas também para além de seu próprio saber, no próprio corpo amado. Querências espectrais, um espectro sempre bem-vindo, bom e bem chegante.

Pensamos no termo ‘querências’ não só para falar de arquitetura e da cidade e ou do lugar e do espaço, mas pensamos também a querência como o lugar propicio para encontro dos amigos, para os que chegam de longe, da arquitetura e da filosofia; também para repensar essa ‘arché’, nessa relação tão atada entre morada e ser, quase indissociável, tema eterno da filosofia. Pensamos ainda ‘querências’ para os arquitetos, querências no sentido de estâncias, uma parada, um pequeno tempo, uma temporada para repensar os sentidos perdidos da arquitetura, e sobretudo aqueles que ainda permanecem sem habitação.

Querências, estranho nome fora de moda e ao mesmo tempo revelador, nome que se davam às antigas estâncias no Rio Grande sul. Estâncias e querências nomes comuns a essas paradas, a essas grandes extensões de terra, literalmente inóspitos, que surgiram através dos colonizadores que aqui se estabeleceram para criação do gado e seus matadouros. Estância que não se refere necessariamente a um local ou lugar, mas também a um tempo de permanência, como próprio à língua espanhola. Um tempo sem tempo, e ao mesmo tempo um só tempo, um único lugar, um singular lugar.

Lugares quase últimos, próximos ao fim o mundo, lugares de acolhimento e recolhimento. Querências de Derrida, lugar que dá lugar ao lugar, (a) lugar, gente que dá passo a outras gentes, tempos que se abrem e se compartem, casa já sem dono, ocupações. Uma estância para pensar tudo isso. Terminar a apresentação/justificativa aqui

Querências de Derrida é o título desse I Colóquio Internacional, uma troca de ideias entre arquitetura e a desconstrução de Jacques Derrida e suas aproximações com outros filósofos e escritores da desconstrução. O encontro é uma iniciativa inédita no Brasil promovido pelo grupo de pesquisa do CNPQ ARQUITETURA, DERRIDA E INTERCONEXÕES, e tem por objetivo apresentar a produção intelectual que associa o pensamento filosófico de Derrida com as questões do espaço, da arquitetura, da cidade, e que vem sendo produzida nos últimos anos, tanto por arquitetos que pensam com a filosofia, como filósofos que pensam sempre a filosofia associado a um topos especifico.

O grupo conta com pesquisadores de algumas Universidades brasileiras na área de arquitetura, filosofia e afins.  Além da presença e participação dos convidados palestrantes externos.
 
 
Data: 10, 11 e 12 (quinta a sábado) de setembro de 2015.
Local: Pelotas, Rio Grande do Sul.
Público alvo: arquitetos, filósofos, escritores, historiadores, antropólogos, artistas, educadores, psicólogos.

  
PROMOÇÃO E ORGANIZAÇÃO:
GRUPO DE PESQUISA CNPq: Arquitetura, Derrida e aproximações
 
 
OBJETIVOS

Querências de Derrida é o título desse I Colóquio Internacional, uma troca de ideias entre arquitetura e a desconstrução de Jacques Derrida e suas aproximações com outros filósofos e escritores da desconstrução. O encontro é uma iniciativa inédita no Brasil promovido pelo grupo de pesquisa do CNPQ ARQUITETURA, DERRIDA E APROXIMAÇÕES, e tem por objetivo apresentar a produção intelectual que associa o pensamento filosófico de Derrida com as questões do espaço, da arquitetura, da cidade, e que vem sendo produzida nos últimos anos, tanto por arquitetos que pensam com a filosofia, como filósofos que pensam sempre a filosofia associado a um topos especifico.

O grupo conta com pesquisadores de algumas Universidades brasileiras na área de arquitetura, filosofia e afins.  Além da presença e participação dos convidados palestrantes externos, o encontro visa também a troca de conhecimento, através do intercâmbio de ideias entre os integrantes do Grupo de pesquisa e os participantes do evento e convidados latino americanos, ou seja, conferências pelos convidados nacionais e internacionais, sessões de comunicações com os integrantes do Grupo de pesquisa (UFRGS, UERJ, UFPEL, UFGO, UCGO, UFMG.

- O I Colóquio Internacional terá como convidados pesquisadores renomados internacionalmente estudiosos da filosofia de Jacques Derrida , como Fernanda Bernardo, profa., do programa de pós - graduação em Letras da Universidade de Coimbra, e o prof. argentino Horácio Potel (Universidad de Lánus. Buenos Aires. Argentina) e a profa Mônica Cragnolini, da Universidade de Buenos Aires

-Divulgar o trabalho do Grupo de Pesquisa do CNPQ Arquitetura Derrida e Interconexões a nível internacional, Brasil e cone sul.

-Divulgar o pensamento filosófico desconstrutor de Jacques Derrida no meio acadêmico da arquitetura e urbanismo, evidenciando aos conhecedores do pensamento de Jacques Derrida o modo como ele vem sendo utilizado na arquitetura.

- Publicar em Anais as apresentações dos conferencistas e palestrantes, bem como os demais resultados do Encontro.


COMISSÃO ORGANIZADORA
Fernando Freitas Fuão. UFRGS.
Eduardo Rocha. UFPEL
Dirce Eleonora Solis. UERJ
Marcio Pizarro Noronha. UFGO.
Marcelo Kiefer. UFRGS


COMITÊ CIENTÍFICO
Fernanda Bernardo. Faculdade de Letras. Universidade de Coimbra.
Fernando Freitas Fuão. Faculdade de Arquitetura. PROPAR. UFRGS
Eduardo Rocha. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. PROGRAU. UFPEL
Dirce Eleonora Solis. Departamento de Filosofia/Pós- graduação. UERJ
Igor Guatelli . Faculdade de Arquitectura. Instituto Mackenzie. São Paulo.
Marcio Pizarro Noronha. Faculdade de História e Artes. PPG Historia. UFGO.
Marly Bulcão Lassance Brito . Departamento de Filosofia/ Pós- Graduação UERJ
Paulo Afonso Rheingantz. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo UFRJ.
Ricardo Barberena. Faculdade de Letras. PUC RS.
Rosa Maria Dias. Departamento de Filosofia/Pós Graduação- UERJ
Silvio Jantzen. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo UFPEL.
Wilton Medeiros. Universidade Estadual de Goias. Faculdade de Arquitetura


Comissão organizadora responsável pelo recolhimento do material e editoração dos artigos
Marcelo Kiefer. UFRGS
Ana Paula Viecelli. Universidade de Santa Maria. RS
Marcelo Moraes. UERJ

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Resumos

As coreografias do (não) lugar: toda desconstrução é em última instância uma desconstrução da topologia.
Prof. Dr. Rafael Haddock-Lobo.

Faculdade de Filosofia. UFRJ
O objetivo desta comunicação consiste em apresentar o pensamento da desconstrução como um pensamento desde sempre preocupado com o lugar do lugar, ou seja, como uma denúncia e como a consequente resistência à pulsão topográfica ou topológica estrutural à metafísica ocidental. Nesse sentido, a fim de apresentar essa economia an-arquitetônica, tomaremos algumas metáforas espaciais presentes nos textos derridianos, entre os quais notadamente sublinhamos “La Différance” e “Khôra”. Por fim, desejamos sublinhar a importância ético-política desse pensamento do entrecruzamento espaço-temporal rumo a outras possibilidades coreográficas de se pensar o político.
Palavras-chave: an-arquitetura, Derrida, Khôra, coreográfias

Coreo-grafar ou a arte de espaçar
Desconstrução, Arquitectura e Política
Profa. Fernanda Bernardo
Universidade de Coimbra
Escolhendo aquela que é talvez a «querência» por excelência de Jacques Derrida («querência» no sentido de gosto ou de afeição e/ou de «lugar» de eleição e da eleição - do lat. querentia) para, muito sucintamente, dilucidarmos os traços que esboçam a singularidade da Desconstrução como idioma filosófico no contexto não só da contemporaneidade mas também do todo da ocidentalidade filosófico-cultural, tentaremos depois detectar e salientar aquilo que, desde sempre, mantém juntas, na mais originária e essencial das co-habitações, a Desconstrução e a Arquitectura na sua comum condição de artes de espaçar – finalmente, tentaremos ainda mostrar como esta arte de espaçar - a arte de dar lugar ao lugar, de deixar vir e/ou de inventar - é também uma arte da vigilância insone, da resistência e da dissidência, assim salientando o registo hiper-político e hiper-ético desta arte e o seu contributo para questionar, repensar e redefinir o político (polis), isto é, o princípio político como princípio (de poder) Estatal.

Geosambalidades: corpo-samba como cartografias na cidade. 
Wallace Lopes Silva.

Programa de Mestrado em Relações Etnicorraciais pelo PPRER/CEFET-RJ. 
Este ensaio tem como foco dialogar os conceitos de escritura, traço e marcas em Derrida para pensar a questão do corpo do malandro e o samba. Tentaremos pensar o corpo do malandro sendo uma forma de escritura do samba. O samba e o sambista se inscrevem como formas de escritura nas espacialidades da cidade. Neste sentido, pretendemos pensar o corpo do malandro enquanto escritura e arquivo. O andar topográfico do malandro produz uma territorialidade e modos de se apropriar do espaço da cidade a partir das curvas, acidentes geográficos, becos, encruzilhas e ladeiras do morro. O propósito é encontrar e identificar as características desse movimento que, a partir de sua (com) posição ou (de) composição apresenta, digamos uma espécie de falas ou discursos corporais que venham a se constituir nas “escrituras do samba no corpo”. Isto pressupõe o entendimento de que os textos podem se apresentar tanto no formato escrito, quanto oral, sensorial e mesmo corporal.
Palavras-chave: Samba; Coreografia; Escrituras.
 
Refugiados, andarilhos e abandonados
Eduardo Rocha.

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. UFPEL
Ensaio que reúne parte do conceito desenvolvido em tese de doutoramento sobre as arquiteturas do abandono, relacionando os movimentos dos refugiados e os andarilhos com a produção de lugares abandonados nas cidades, a partir das ideias de espera+errância e nomadismo. Utilizando como intercessores: o cinema (Casa de Areia, 2005), a literatura (Cervantes), as artes visuais (Krzyszko Wodiczko) e a filosofia da diferença (deleuze-guatarriana e derridiana). Aproximando ao pensamento de um lugar do abandono como o aberto a vida e a (re) criação do novo.
Palavras-chave: Abandono, refugiados, espera, errância, Derrida, nomadismo.
 
Arquitetura, imersão, dança-escritura. 
Marcio Pizarro Noronha

PPG HISTÓRIA UFG / FEFD UFG
As relações entre arquitetura, pintura e escultura, entendidas para além das categorizações de gênero, estão presentes em diferentes momentos da história e da teoria interartística. Seja na Idade Média, no período Renascentista, na era Barroca ou nos tempos da Modernidade, estas relações apontam para uma ultrapassagem das suas especialidades. Na atualidade, a cidade veio a se tornar um alvo privilegiado das relações da arquitetura com o domínio artístico. Saindo da perspectiva da tensão entre a diferenciação e a fusão das artes, na medida em que era sempre necessário manter as diferenças (fundamentos da linguagem) para encontrar os modos de fusionar (síntese das artes), os anos 1960-1970 e daí para diante, viram um modo de escapulir deste modelo e pensar estas relações por meio de novas e mais flexíveis categorizações. Este campo tem sido marcado por uma forma de pensar arquitetura/arte em formas de imersão na experiência da cidade e do corpo, refletindo sobre as afecções dos objetos, as deambulações, a paisagem, os corpos, a movimentação no espaço, a performance. Movimentação e construção são modos de pensar (categorizar) e experimentar as artes do corpo e da performance. Assim, neste texto, procuro nas vias de Jacques Derrida / Jacques Lacan / Gilles Deleuze e Felix Guattari / Walter Benjamin / Verónique Fabbri / Georges Didi-Huberman / Giorgio Agamben / Peter Sloterdijk, traçar diferentes abordagens de uma experiência dançante como prática de escritura e desenvolvimento de sistemas de notação da relação corpo-espaço e da perspectiva do conceito de instalação cênica como zoneamento de imersão sensorial (SCINESTESIAS).
A arquitetura como objeto escultórico num campo expandido ou como objeto relacional, formas da disseminação/contaminação, a presença dos objetos no espaço e suas afecções nos trajetos humanos e vice-versa, são algumas das questões aqui elencadas. Para tal exercício farei uso da reflexão de um processo criativo no qual partimos da poesia – work in progress – de Walt Whitman, FOLHAS DA RELVA, e o projeto de como espacializar esta escritura, construindo e desconstruindo zoneamentos num espaço instalacional cênico, no qual objetos, palavras e corpos ativam e são ativados por participantes e interatores. 
lavras-chave: Processos imersivos performáticos; instalações cênicas; arquitetura-corpo-objeto; relações interartísticas poesia, espaço, corpo.
 
Políticas de la espacialidad: el otro (animal) como locus ilocalizable e “intocable”
Mónica B. Cragnolini.

Universidad de Buenos Aires/CONICET
En este trabajo, se abordará la idea de alteridad derridiana desde la noción de espacialidad, insistiendo en las expresiones que remiten en su obra al otro en términos de “lugar”. En este sentido, consideramos que Derrida se ubica dentro de una línea de pensadores, tanto franceses como italianos, que han planteado la cuestión del otro en términos de lugar, frente a otras formas de pensamiento que, en el siglo XX, han puesto el acento en la cuestión de la temporalidad. La noción de “hospitalidad” supone un pensamiento de la morada y del “dar lugar”; y una concepción de la “propiedad” (el domus) como ámbito de asilo y exilio (es decir, siempre expropiada). La idea de fantasma señala el modo en que el domus está habitado por otro que es siempre ilocalizable, en tanto la noción de cripta da cuenta de un “lugar inhallable”. 
Trataremos de pensar, entonces, todos estos conceptos de “lugares ilocalizables” en Derrida, para referirse al otro en relación a la cuestión animal, para poder plantear así la idea de un pensamiento de la comunidad de lo viviente en términos de “comunidad de lo intocable”. Desde allí, derivaremos la idea de una política de la espacialidad en relación al otro-animal.
Palavras-chave: alteridad/cripta/hospitalidad/fantasma/ intocable/animal
 
Espectros e rastros da cidade – Escritura, Arquitetura, Desconstruções. 
Jonathan Fajardo Cabrera
Pós-graduação em Letra. PUC. RS
Tenta-se errar com Jacques Derrida, entre alguns dos espectros e dos rastros da cidade. Espaçamento dobrado e desdobrado onde se está sitiado antes que ser. Aventura e abertura da escrita, onde a coisa se toca ali onde ainda nada se toca; poema incessante na vinda improvável do outro, que acontece quiçá como essa contagiante obcecação pelo tocar in-finito; heterogeneidade antecedente, que para além e para aquém das essências, da natureza determinada, da certeza dos limites e dos registros dogmáticos, unidimensionais e fixos, resulta a cidade.
Esta caminhada disseminada entre as ruinas da cidade e as artes do espaço, pelos seus traços excessivos, transbordantes, contaminantes, diferenciais, polimórficos; também será acompanhada e traspassada pelas andadas de outras e outros, como Walter Benjamin, Jean-Luc Nancy e Jean-Christophe Bailly. Assim, ao passo sem passo do “tout autre est tout autre”, das passagens e paragens imprevisíveis e interruptoras, entre pegadas de pegadas, não há lugar a identificações plenas. A cidade não deixa de devir algo outro nela mesma. Isso não cessa de tremer, de provocar transformações, perturbações, moções, que desmantelam e removem os axiomas arraigados na ideia da pressuposta pureza de uma polis e como o local exclusivo do próprio do homem.
Na conclusão se trata as questões da desconstrução, da instituição e da arquitetura e sua indissociabilidade. Assim entre outras coisas, trata-se de refletir como no espaço educativo, institucional, arquitetural, acontecem desconstruções, enquanto praticas institucionais turbulentas, para as quais o conceito de instituição ainda resta problemático, mas não se trata de simplesmente se opor, isso não cessa de solicitar e pulsar até o impossível à reinvenção das possibilidades conveniadas. Nessa atmosfera da (im) possiblidade do impossível, as travessias da escrita, do pensamento, da desconstrução, da arquitetura, do urbano, tocam e se entre tocam sem fim e todo outramente até cortar o alento.
Palavras-chave: Desconstruções; Arquitetura; Cidade; Espectros; Rastros; tocar.
 
Arquitetura entre-texto: discurso e linguagem em Derrida e Tschumi
Flavia Nacif Costa

Faculdade de Arquitetura. Universidade Federal São João del Rey
Este artigo pretende discorrer sobre o texto e o discurso como significação dupla: linguagem e conteúdo, modos de pensar e atuar. Nesse sentido, as reflexões de Derrida tornam-se referência essencial para a transposição deste pensamento a fazeres arquitetônicos que consideram teoria e prática não somente como interdependentes mas parte da própria obra - caso de Bernard Tschumi. Ressalta-se que tal relação entre discurso e objeto propicia um tipo de produção em que linguagem e representação são colocadas em xeque, e revelam obras multiplicadoras de sentidos e experiências onde o conceito de "entre", da reformulação de limites, instaura obras abertas a interpretações diversas. Assim, pretende-se discutir tanto o texto e suas normas de ação como uma prática de proposição de espacialidades baseada no entrelugar.Palavras-chave: Tschumi, Derrida, discurso
 
Arquitetura, frivolidade e ficção filosófica.
Sylvio Arnoldo Dick Jantzen

Departamento de Arquitetura e Urbanismo - FAURB-UFPel
Relatos dos encontros de Peter Eisenman e Jacques Derrida admitem relacionar a dimensão linguística e ficcional da arquitetura do primeiro com a arqueologia do frívolo ensaiada pelo segundo. Derrida faz emergir a frivolidade da linguagem da filosofia como um exercício de atenção equiflutuante (Freud), liberada para capturar significados através da imaginação e da invenção. A poética de Eisenman seria análoga ao que Derrida marcou sobre o frívolo: os sistemas de significantes, os sistemas arquitetônicos de Eisenman, saem de um plano transcendente e recebem uma carga imanente através da diagramação — o processo “frívolo”. Sistemas significantes descolados de significado acomodam-se em camadas interseccionadas no campo das “estruturas profundas” da arquitetura, o espaço das “formas básicas” até formarem a obra arquitetônica. A frivolidade pode ser incluída como uma prática entre as poéticas arquitetônicas pós-modernas que trabalham com ela de forma consciente e a desarmam de suas conotações pejorativas.
Palavras-chave: Derrida, Eisenman, frivolidade, representação
 
Os conceitos de différance e de metáfora: processos projetuais do Parc de La Villette.
Gabriel Silva Fernandes

Faculdade de Arquitetura. UFPEL
Jacques Derrida e Bernard Tschumi aproximaram o ato de projetar com o de escrever um texto. Derrida contribuiu com as noções de différance, no lugar de definições categóricas na arquitetura; de gramatologia, que implica a importância da produção escrita; e substituiu definições arquitetônicas por metáforas (ficções) em permanente renovação. As críticas de Derrida ao fonocentrismo e ao logocentrismo estão representadas no processo de projeto pela tensão da escrita da representação arquitetônica e a da linguagem, por conscientizar o uso da imaginação em um universo de possibilidades. A leitura do projeto e do próprio parque seria pela imaginação auxiliada pela metáfora, alargando a linguagem arquitetônica e a compreensão do mundo em um sentido hermenêutico, de colocar disparidades em conjunto. Na narrativa do projeto do parque a “origem” é rejeitada. O desenvolvimento labiríntico do pensamento não tem uma conclusão: concluir seria submetê-lo a uma metalinguagem. Resiste-se à uma síntese metalinguística. Nas técnicas desenvolvidas no projeto não se identifica uma origem. O começo é sempre provisório e não há um fim, um significado último ou uma definição. Há uma dialética da legibilidade e ilegibilidade, em sucessivas fugas da legibilidade, em uma viscosidade das formas: narrativa acêntrica e sem um significado final teleológico. A escolha de um sentido, de um significado para o parque corresponde ao momento da metáfora última, mas provisória: congela-se uma economia de diferenças, um complexo de rastros e atribui-se significado ao que a metáfora atingiu. Compreende-se o parque sob uma modalidade que prolongue esse processo de escolha. O modo do processo projetual desestabiliza o ato de atribuir sentido à arquitetura e experimentá-la enquanto metalinguagem
Palavras-chave: La Villette, Tschumi, Derrida, representação
 
Espectros de Jacques Derrida en la arquitectura territorial de Peter Eisenman: La khôra y chuella derrideana y la excavación arqueológica ficticia eisenmaniana.
Vicente Medina.

Escuela Politécnica Superior Arquitectura / Universidad Alfonso X el sábio. Madrid.
La estrecha relación entre Derrida y Eisenman, surgida en 1986 a raíz del concurso de El Parque de La Villette de París, se vio intensificada a través de los numerosos escritos que ambos se dirigieron, como los de Derrida ¿Por qué Eisenman escribe tan buenos libros? o A Letter to Peter Eisenman, o la publicación conjunta Choral Work, basada en la Khora platónica, y a la que Derrida había dedicado una de sus obras. Una situación que además intensificó el interés de los arquitectos por el pensamiento del filósofo y viceversa, lo cual dio lugar a una serie de publicaciones por parte de Derrida, como El filósofo y los arquitectos, Las artes del espacio, Lo ilegible, La metáfora arquitectónica, Cambios de escala, Ir despacio o Dispersión de voces entre otros, en las cuales exponía sus planteamientos en torno a la Arquitectura. Pero además de tales planteamientos, hay otros dos desarrollados por Derrida a lo largo de sus obras y que nos llaman especialmente la atención por la repercusión que han tenido en la obra de Eisenman. Nos referimos a las reflexiones derrideanas en torno a la Khôra y la huella, las cuales vinculamos a las estrategias proyectuales eisenmanianas de la arqueología ficticia o excavación arqueológica, destinadas a recabar información del lugar, datos que luego servirán para la generación de sus proyectos. Es una cuestión por la que Eisenman mostró mucho interés, llegando a organizar una exposición itinerante sobre el asunto, titulada Ciudades de la Arqueología ficticia. Obras de Peter Eisenman, 1978–1988, la cual inició su recorrido en el Canadian Centre for Architecture de Montreal, en 1994. Con esta ponencia pretendemos identificar y exponer tales vínculos, como así también analizar de qué manera se han manifestado tales planteamientos filosóficos en las propuestas de Eisenman, estudiando para ello algunos de sus proyectos, como el propuesto para el Cannaregio Town Square de Venecia (1978), el IBA Social Housing de Berlín (1981/85), el Romeo and Juliet Castles de Verona (1986), el Parque de La Villette de París (1986), El Wexner Center for the Visual Art and Fine Artes de Ohio (1983/89). Unas referencias al pensamiento derrideano que han marcado proyectos todavía mucho más recientes, como el realizado para la Ciudad de la Cultura de Galicia (1999), en donde Eisenman ha puesto de manifiesto su singular manera de entender los conceptos de Genius Loci, Topos o Locus inseminándolos con los planteamientos derrideanos de Khôra y Huella, y a los cuales utiliza como estrategias claves para poder plantear y realizar sus excavaciones arqueológicas ficticias.
Palavras-chave: Eisenman, Derrida, Khora, Huella, Espectros.
 
Arquitetura e representação: as Casas de papel, de Peter Eisenman e textos da desconstrução, de Jacques Derrida, anos 60 a 80.
Beatriz Regina Dorfman

Faculdade de Arquitetura. Pontifícia Universidade Católica. RS
Os avanços científicos e tecnológicos e a superação dos paradigmas filosóficos que fundamentaram o pensamento moderno provocaram profundas modificações na representação, ao longo do século XX. A arquitetura e a filosofia, como as mais diversas manifestações contemporâneas associaram-se nessas mudanças. Nas décadas de 1960 a 80, os trabalhos do arquiteto Peter Eisenman e os do filósofo Jacques Derrida partiram de questões da linguagem e da representação e propuseram uma série de rupturas em termos formais e conceituais. Este processo ganhou expressão na arquitetura e em sua representação e obteve projeção internacional na exposição que deu nome ao fenômeno que ficou conhecido como arquitetura desconstrutivista. Após este período, as obras do arquiteto e o pensamento do filósofo seguiram por caminhos diferentes.
Arquitetura e representação: as Casas de papel de Peter Eisenman e textos da desconstrução em Jacques Derrida, anos 60 a 80 analisa obras selecionadas do arquiteto e do filósofo que abordam questões da linguagem e da representação. Discute conceitos da desconstrução, que permanecem válidos para a arquitetura contemporânea, e relaciona-os com outras modalidades de expressão artística. Demonstra que não há correspondência entre a filosofia da desconstrução e o fenômeno que ficou conhecido como arquitetura desconstrutivista.
Palavras-chave: arquitetura; desconstrução; representação.
 
Hospitalidade e desejo no ensino de projeto de arquitetura
Paulo Afonso Rheingantz

Universidade Federal do Rio de Janeiro. PROARQ
Trabalhar a questão da hospitalidade ou da acolhida dos alunos e da alteridade em um exercício de projeto de arquitetura ‘A Casa dos Desejos’. Explorar: (1) a hospitalidade como uma produção que não está nem no indivíduo nem na arquitetura ou na natureza, mas, como o entendimento de ‘interfaces’ proposto por Michel Serres, produz margens dentadas, rugosas, irregulares. Explorar os encaixes desses "espaços" entre os saberes dos alunos que possibilitam que cada aluno se conecte com as "bordas dos outros"; (2) a dinâmica das relações interioridade X alteridade que emergem no exercício de projeto e que se produzem nas relações dos alunos com o tema proposto, com a interioridade de seus desejos e com as suas incursões e diálogos entre a interioridade dos seus desejos e a exterioridade dos desejos dos outros; (3) o tratamento das aberturas, dos recortes, do esburacamento e abertura ao mundo, do acolhimento e da hospitalidade nos projetos dos alunos, como propõe Derrida.
Palavras-chave: hospitalidade, ensino de projeto, casa dos desejos, interioridade, Derrida
 
Projeto por cenários: um olhar pelas diferenças
Prof. Dr. Paulo Reyes

Faculdade de Arquitetura. UFRGS
Este artigo expressa reflexões a respeito do projeto urbano, considerando o universo filosófico de Deleuze e Guattari em um diálogo com Derrida. O projeto é visto como uma representação das diferenças sociais expresso por uma leitura da realidade através de cenários. Os cenários são narrativas possíveis sobre um mesmo território que permitem uma compreensão deste como sobreposição de diferentes olhares. O pressuposto é que a cidade é um processo de territorialização da diferença e o ato de projetar deve levar em consideração esses matizes. Os cenários não se posicionam como uma situação ideal, nem como previsibilidade de futuro, mas funcionam como estações provisórias que ao serem lidos de maneira dialética produzem sentido no entre espaços, explicitando zonas de conflito. Essa instabilidade provisória evidencia um tipo de pensamento que é produzido pelo e no andamento do projeto. Assim, é aquilo que escorre do projeto como produção de pensamento sobre o território. Os cenários, nesta perspectiva, funcionam mais como um fator metodológico e, portanto, operacional e mediador, sobre a realidade urbana, e menos como um fim a ser alcançado.
Palavras-chave: projeto, cenários, diferença, território, acolhimento, conflito
 
Derivas epistemológicas e etimológicas em torno de conceitos de Soberania, Hospitalidade, Violência
Igor Guatelli

Faculdade de Arquitetura. Universidade Mackenzie
Derivas epistemológicas e etimológicas em torno de conceitos de Soberania, Hospitalidade, Violência estruturam uma discussão sobre o que pode estar além e aquém do sentido de Justiça e Direito em duas obras de Jacques Derrida, “Da Hospitalidade” e “Força de Lei”. Na primeira, Derrida, acompanhado de Anne Dufourmantelle, pensa sobre o direito e a soberania a partir de uma reflexão sobre o estrangeiro, seja como visitante e como convidado. Na segunda, a partir da obra “Crítica da Violência”, de Walter Benjamin, Derrida reflete sobre o apelo à força no próprio conceito de Direito e de lei; raciocínio aparentemente antinômico, como considerar a coexistência de ambos? Inquietante reflexão se a levarmos para o espaço público urbano: de qual direito à cidade?
A observação de intrigantes e instáveis processos e modos de ocupação massiva do espaço público foi o leitmotiv para construção de uma reflexão crítica sobre como o poder público tem lidado com a soberania e hospitalidade urbanas em situações que envolvem aglomerações e potencial formação de multidão. Pensar a equivocidade (e não a univocidade) desses processos e modos de ocupação implicou em interrogá-los como intenções, interesses e finalidades explícitas e/ou implícitas, e como expressões visíveis e invisíveis de possíveis devires urbanos.
Palavras-chave: Multidão, Soberania, Direito, Lei, Convidado, Visitante
 
Escrituras da cidade: ordem e desordem a partir de Derrida
Marcelo José Derzi Moraes

Doutorando PPGFIL-UERJ
A história da filosofia ocidental é espectrada por alguns elementos marginais. Alguns deles são clássicos na história da filosofia, na história das cidades: Diógenes, Sócrates, Giordano Bruno, Nietzsche entre outros. Na literatura e na poesia, Rimbaud Baudelaire e Jean Genet. Cada um desses a sua maneira. A história da filosofia, mas também a história das cidades, tem em comum a produção da exclusão do diferente, daquilo que aparece como ameaça. Para realizar uma blindagem de proteção tanto os arquitetos da filosofia como os gerenciadores da cidade, produzem diversas maneiras de excluir e afastar esse suposto mal. O principal desses é o vadio. Nesse sentido, inspirados pela leitura de Derrida sobre Jean Genet em seu livro Glas, que também trata de Hegel, esse representando a ordem, e, também, a partir do livro Voyous, resolvemos pensar o nosso Jean Genet dos trópicos: Madame Satã. Ora, o discurso da ordem nas cidades não precisa de pessoas perambulando pelas ruas, sem trabalho, cometendo assaltos ou perturbando a ordem. A filosofia, por sua vez, vê no vadio aquele que destrói os valores morais e corretos, o inimigo da verdade e da razão. Assim, o vadio é marginalizado e como marginal acaba por produzir sua lógica própria. O vadio escreve a cidade a partir do seu não-lugar, coloca a democracia diante de uma aporia, reverte a lógica do acolhimento da cidade e produz novos acontecimentos. Invertendo num primeiro momento a hierarquia dos valores, seguidamente criando uma nova forma de relação e de alteridade, incompreendida pelos pensadores e amigos da ordem. Na lógica do vadio a luz é produzida por reflexo, é a lua que o guia. Não é a confiança e a responsabilidade que respondem por ele, é a cumplicidade e a traição que fazem a lei. Nas leis das ruas a única força é a sobrevivência. Por isso, a culpa e o arrependimento não têm peso. Interessados pela lógica do marginal resolvemos, portanto, nos aventurar na ordem desse discurso desviante, através de Madame Satã que foi um marginal, um vadio, um ladrão, analfabeto, homossexual nordestino e muito bom de briga que vivia na vagabundagem do bairro boémio da Lapa, no Rio de Janeiro. Não escreveu, mas sua vida e sua vivência produziram escrituras que podem contribuir para a desconstrução de um pensamento filosófico hegemônico. Esse trabalho segue na tentativa de pensar a partir das temáticas do outro lugar, de uma outra margem. Nesse sentido, fortalecemos a ideia da importância de se pensar as epistemologias do sul, culturas não européias que sofreram com o epistemicidio e acabaram por ser neutralizadas de todas as possibilidades de por vir. Devido ao racismo epistemológico cometido pelo pensamento dominante europeu. Pretendemos, portanto, pensar nossos corpos, nossas ruas, nossas, cidades, nossa razão e, no caso específico desse texto, nossos vadios a partir do filósofo Jacques Derrida que fortaleceu a abertura de um pensamento não logocêntrico. Possibilitando mostrar toda a força de um pensamento marginal. Para seguirmos na lógica da desconstrução, iremos caminhar pelos rastros deixados por Derrida nas ideias de democracia por vir, hospitalidade incondicional e escritura. Acreditamos que esses três elementos podem auxiliar num movimento desconstrutor para pensar a democracia e as políticas públicas da cidade. Para isso, os trabalhos de Derrida: A escritura e diferença, Gramatologia, Espectros de Marx e Da Hospitalidade, são fundamentais para fortalecer a lógica do vadio.
Palavras-chave: espectros, glas, Madame Satã, Derrida, Hospitalidade
 
Governamentalidade, Insurreição, Contra-planejamento: de que Urbano, afinal, fala Michel Foucault?
Rita Velloso

Escola de Arquitetura UFMG/ Departamento de Arquitetura PUC Minas
As aulas de Foucault que se iniciam em janeiro de 1978, e que tem como tema a governamentalidade – a segurança, o cálculo da população e o território envolvidos nessa prática, são o fundamento deste trabalho. Tomo de empréstimo ao autor o conceito de governamentalidade, para analisar formas atuais da práxis urbana enquanto experiência da política, enquanto prática que implica corpos e comportamentos. Pretende-se, com este texto, apresentar uma primeira discussão sobre o papel da cidade como lugar privilegiado da luta política, da disputa por legitimidade de práxis socioespaciais diversas ou por concepções rivais de institucionalidade. De que modo a forma e o tecido das cidades contribuem para o desempenho de ações políticas de contestação, em escalas nacional e mesmo transnacional? Quais qualidades urbanas são específicas para influenciar as queixas e as formas de organização, bem como a consciência dos insurgentes? São as capacidades urbanas de estabelecer uma diversidade de relações e ao mesmo tempo estabelecer o controle institucional. Cidades são espaços de diferença, alteridade e liberdade, mas também de controle e racionalização. À intensa possibilidade de conexão corresponde uma estrutura (de organizações) burocráticas que controlam essas conexões, mas a cidade se concretiza justamente nessa dialética diversidade-controle. A diversidade radical da cidade, que faz surgir nos espaços trocas inovadoras, intercâmbios interpessoais e coletivos, sempre por meio de processos intensos, também é capaz de fazer emergir uma densa rede de controles institucionais desdobrados em protocolos para conter o caráter ‘selvagem’ da vida urbana.
Palavras-chave: governamentalidade, lutas urbanas, práxis especial, alteridade, contra-esfera pública
 
O não espaço da lei: um diálogo entre Kafka e Derrida
Adriano Negris

Doutorando em Filosofia - UERJ
O objetivo do presente trabalho é realizar leitura do texto Diante da Lei, de autoria do escritor Franz Kafka, no interior da perspectiva do pensamento do filósofo franco-argelino Jacques Derrida. Por meio da leitura da referida obra de Kafka tentaremos elucidar que o momento fundador do direito implica uma violência performativa que instaura uma espécie de espaço, ou espacialidade, que delimitará as fronteiras no interior das quais se desenvolverão todas as demais relações sociais, incluindo a própria demarcação do espaço geopolítico de uma determinada sociedade. Dessa maneira, o texto de Kafka será tomado como fio condutor para demonstrar, segundo o pensamento derridiano, como a lei e o direito asseguram a autoridade a partir de um fundamento místico. Esse mencionado fundamento místico, segundo a abordagem deste trabalho, apontará para a direção de um não-espaço, ausente de determinações prévias, mas que se mostrará como condição de possibilidade para toda a experiência e determinação do espaço. Na obra de Kafka esse “não-lugar” é representado por uma espécie de Lei (a qual não sabemos nada sobre sua natureza ou proveniência) que afirma sua autoridade de maneira genérica e que é sentida e vivida por cada singularidade sobre o qual ela recai. Contudo, o acesso à origem dessa Lei é o que sempre permanecerá negado. Ao mesmo tempo em que somos submetidos à Lei, sua origem se apresenta em forma de segredo. A Lei sob a forma de segredo já não representaria mais a ideia da existência de algo que, em última instância, não pode ou não deve ser revelado. O segredo, pensado tal como na filosofia de Derrida, apontaria para uma recessividade primeva, segundo a qual nos imporia a incessante tarefa de interpretação do real. Nesse sentido, como resultado de nossa investigação, desejamos demonstrar que o estar-diante-da-lei nos revela uma situação limítrofe, na qual, de um lado teríamos uma Lei, compreendida como um não-lugar, um não-espaço, que é inapreensível e incalculável. Mas, de outra parte, é somente por meio dessa Lei inacessível que podemos tornar possível, por meio do dispositivo das leis, a concretização, a manipulação e a reorganização dos espaços, sejam eles virtuais ou reais, públicos ou privados, no interior das sociedades contemporâneas.
Palavras-chave: espaço, organização, Derrida, Kafka, diante da lei
 
Espacialidades e espectralidades abissais
Dirce Eleonora Nigro Solis
Faculdade de Filosofia. Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
O espaço prisional em sua monstruosidade deixa exposto, a partir da expressão cunhada por Max Stirner em O Único e sua propriedade, o monstro inumano (Unmensch). Por mais longe que caminhe a compreensão de um Estado, comunidade humana onde basta ser homem para ser aceito, seu limite é o inumano. O espaço da prisão, como espaço de recepção daqueles que estão à margem e são, assim, marginais, é um dos espaços do monstro inumano. E, no entanto, esse monstro inumano é um homem, o inumano é algo de humano como diria Stirner. E mais, todo humano tem algo de inumano, muito distante da ideia ou do conceito sempre idealizado de homem. “Homens que não são homens- que outra coisa poderiam ser senão fantasmas? Todo homem real, porque não corresponde ao conceito de “homem” ou porque não é “ser da espécie” é um espectro. ”(Stirner, O único e sua propriedade, trad. João Barrento, São Paulo, Martins Fontes, 2004,229). O mundo dos espectros será aqui considerado por mim, como espaço de transgressão, que foge ao logocentrismo, onde a lei condicional e a lógica hierarquizante binária dão lugar à dimensão abissal. Com inspiração no texto menos acadêmico de Jacques Derrida, Glas, onde são colocados lado a lado em duas colunas o texto filosófico, coluna Hegel, e o texto literário, coluna Jean Genet, irei explorar considerando esta segunda coluna, e trazendo o contexto da différance, o espaço da prisão como espaço do monstro inumano e de criação de espectralidades abissais.
Palavras- chave: différance, monstro inumano, espectralidades, Jean Genet, Derrida
 
O passeio urbano como modo de subjetivação: escrilendo em meio à vida docente
Carla Gonçalves Rodrigues

Faculdade de Educação - Universidade Federal de Pelotas
O presente trabalho visa demonstrar a potência do passeio urbano na constituição de saberes docentes. Para tal, ampara-se na tríade conceitual deleuze-guattariana denominada (des/re) territorialização do pensamento. Dentre as múltiplas opções metodológicas existentes e utilizadas nas investigações educacionais, optou-se pela cartografia. Quando se pretende investigar teoricamente o campo subjetivo, isto é, os territórios de composição de uma dada professoralidade, há de serem considerados, além dos planos extensivos, seus planos intensivos de formação, revelando os processos de ensaio e invenção de uma individuação ao desenhar mapas, durante o ato de passear. Outro aspecto relevante que leva à opção por esse método é o fato dela oferecer interlocução entre distintas áreas do conhecimento, intenção relevante tida como propósito deste texto, especificamente na conjugação das Ciências educativas com a Arte contemporânea e as Filosofias da diferença. Por fim, resta perguntar: Qual é o lugar da escrita e da leitura nessa proposta de formação? Partiu-se de Oficinas denominadas escrileituras. Salienta-se, então, que uma oficina aqui não é um lugar para conserto ou retificações, mas um local de produção, de aprendizagens em que se escreve por meio do que é lido ou lê-se através do que é escrito. Nessa perspectiva, operou-se com arranjos de leituras potentes, bem como escrituras inspiradoras, perturbadoras de ideias e impulsionadoras de experimentações em meio à vida docente.
Palavras-chave: Formação de professores, filosofias da diferença, passeio urbano, subjetivação, escrileituras.
 
 
Destruir para construir: os cortes de Gordon Matta-Clark
Daniela Mendes Cidade

Faculdade de Arquitetura. Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Gordon Matta-Clark (1943-1978), artista norte americano com formação na Escola de Arquitetura da Universidade de Cornell, estabelece um diálogo entre arte e arquitetura no próprio campo da arquitetura realizando intervenções em edificações prestes ao desaparecimento onde o gesto do corte atravessa todo o seu processo criativo. A partir da sua formação em arquitetura, Matta-Clark passou a desenvolver uma crítica à superfície da arquitetura, incluindo questões sociais e políticas. É certo que o artista tinha uma forte preocupação social em seus trabalhos, que se reflete em uma aproximação entre arte e vida, evidenciada pelos inúmeros documentos realizados pelo artista – esboços, projetos, fotos, filmes, collages, etc. Essa realidade aponta para a tendência do artista revelar o espaço de suas preocupações de atuação e transformação em espaço de vida, em espaço de coexistência, em espaço de habitação e de atuação. Os cortes realizados por ele, ao romperem com a lógica dentro/fora, estrutura/superfície, centro/borda, transbordam também o conceito de corte como instrumento que participa do processo de construção da arquitetura: destruir para construir. Desconstrução é um termo que parece à primeira vista negativo, parece ser o contrário de construção e sinônimo de destruição e demolição. Essa sequência parece indicar uma passagem do positivo ao negativo, indicando uma decadência ou uma falta de projeto. Porém, a partir de Derrida, a desconstrução não é nada disso. Pode ser uma visão mais refinada da desmontagem estruturalista, tão presente no processo de Matta-Clark. Matta-Clark, assim como Derrida, não é um niilista. Este ensaio tem como ponto de partida os diferentes processos de realização do corte por Matta-Clark para estabelecer uma relação entre arte, arquitetura e o pensamento de Derrida. A desconstrução se tornou um rótulo de Derrida. Ele propõe uma desconstrução da metafisica do platonismo e seus conceitos de origem, de verdade e de representação. A desconstrução é assim uma crítica filosófica, assim como, os cortes de Matta-Clark caracterizam-se como uma crítica à arquitetura. Ambas são exercidas dentro do discurso. A desconstrução põe em permanente risco o seu praticante, assim como Matta-Clark coloca-se em permanente risco durante o seu embate com os materiais. A obra de Matta-Clark se aproxima de Derrida na crítica a estrutura. Matta-Clark desconstrói literalmente a arquitetura promovendo uma arqueologia da construção e elaborando uma crítica à sociedade pós-humanista. Derrida com a hospitalidade apresenta uma obra que nos transmite uma esperança contra totalitarismos. Derrida interroga a amizade no que concerne transformar a hospitalidade em hostilidade, esse limiar que faz do anfitrião ao mesmo tempo um refém do hóspede, que pode desencadear um desentendimento. E Derrida propõe repensar a hospitalidade: para ser hospitaleiro deve-se partir de uma existência de uma morada assegurada. Ou seria tão somente a partir do deslocamento daquele desprovido de abrigo, de morada que pode se abrir a autenticidade da hospitalidade? Para Derrida, talvez só aquele que sofre a experiência da privação de uma casa é que pode oferecer hospitalidade. Matta-Clark se aproxima desse conceito: só depois de ter a formação em arquitetura é que ele pode destruir a arquitetura, virá-la ao avesso, trazer o interior para o exterior.
Palavras-chave: Gordon Matta-Clark, Derrida, corte, interior/exterior, hospitalidade
 
Passagem
Prof. Me. Arq. Celma Paese

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. UFRGS. PROPAR
A forma que Derrida constrói seu conceito de hospitalidade auxilia na compreensão das relações entre a cidade e a sua arquitetura. As relações de hospitalidade entre os espaços e seus habitantes acontecem através de qualidades espaciais como: abertura/fechamento; separação/união, recortar/colar; público/privado e familiaridade/ não familiaridade.
O sentido e as qualidades de acolhimento de um espaço ocorrem quando relações são estabelecidas entre este e seus frequentadores, como na clareira da praça que acolhe a cidade no entorno; o banco no caminho que convida a parar e sentar; a ponte que transpassa abismos unindo mundos diferentes; a porta que se abre para dar passagem ao outro. Sem acolher e ser acolhido pelas pessoas, um espaço perde seu sentido de hospitalidade. “O dar passagem desloca o projeto para o plano ético da arquitetura” (FUÃO, 2013, p.2). Aceitar o diferente é o primeiro ato de acolhimento. Quando incluímos o outro pensando a cidade por ele, acolhemos a ideia de acolhimento e passamos a reestabelecer um caminho ético no pensamento arquitetônico. É quando abrimos espaço para a sua chegada e damos passagem à sua inclusão.
Palavras-chave: Hospitalidade, cidade, arquitetura, acolhimento, espaço, inclusão
 
As pontes da cidade
Julian Grub
Faculdade de Arquitetura. UNISINOS. RS
O ensaio busca aproximar o pensamento de Jacques Derrida e o papel social das obras de infraestrutura através da ideia de desconstrução das arquiteturas infra-estruturais. Expondo possibilidades, apropriações e novos sentidos, através do agenciamento das múltiplas situações desses equipamentos no cotidiano urbano. Recuperando a importância do uso social e público dos espaços da cidade. Espaço de abertura, significação e acontecimentos, os equipamentos urbanos voltados a mobilidade como túneis, pontes, viadutos e estações metroviárias são pontes de desejos, encontros, polos conectores, mais que físicos, humanos. Assim, o ensaio tem como objetivo expor através da cidade de Medellin na Colômbia a potência de ressignificação social e afetiva das obras de infraestrutura pela desconstrução do sentido utilitário desses equipamentos urbanos. Posiciona-se desta maneira as obras de infraestrutura como possível agente transformador dos espaços urbanos e talvez elemento indutor no processo de transformação do urbanismo fragmento e disciplinar das cidades, em lugares mais afetivos e hospitaleiros. Mais que respostas, esse ensaio volta-se para o debate e a reflexão do poder de desconstrução dos espaços da cidade pela ação da sociedade, das pessoas, do homem pelas obras de infraestrutura. Palavras-chave: Cidade, desconstrução, Derrida, ponte, arquitetura infra-estrutural, afetos.
 
Arquitetura da “desfragmentação”
Wilton Medeiros

Faculdade de Arquitetura. Universidade Estadual de Goiás.
A desconstrução de conceitos-chaves pelos chamados discursos ‘pós’ não foi seguida pela extinção ou desaparecimento dos mesmos, mas “por sua proliferação” (conforme alertou Foucault), estes ocupando agora uma posição ‘descentrada’ no discurso. Proliferam-se as desconstruções como filtros, anteparos à imprevisibilidade da metropolização persuasiva, de difícil planejamento, cujas transformações permanecem inconclusas, e por assim dizer, não podem ser captadas por uma lógica determinista em direção a um fim previsível. Nesse contexto, políticas da estética insurgem-se como peculiar cidadania, possibilitando talvez partilhas do sensível, insurgências de nós e redes construídas através das diferenças, e não das homologias entre práticas. São tais “diferenças” que dão, por exemplo, à imanente presença da arte popular, um tipo diverso de “aura”. E desta “aura”, possibilidade do reconhecimento do diverso como forma de partilha e, por isso, conhecimento emancipador, possibilidade do humano, imagem do vivido, presença latente de um regime de expressão em outro. Dissenso estético, portanto, “desfragmentação” que dá à busca de significados urbanos uma conotação de partilha de espaços, tempos e tipos de atividade que determina propriamente a maneira como um comum se presta à participação e como uns e outros tomam parte nessa partilha, conjugando modos de representação, misturando seus poderes e intercambiando suas singularidades. Regimes de expressão trocando, se entrecruzando, criando combinações, fusões e afastamentos. Não há uma oposição entre figura e espectador, mas combinações que assumem o papel de redespertar possibilidades sensíveis e pensativas.
Palavras-chave: desconstrução, Derrida, fragmentação, singularidades.
 
Leitura da Paisagem (des) urbana em Caxias do Sul
Giovana Santini

Faculdade da Serra Gaúcha.
A cidade, como lugar simbólico e político do cidadão, tem em si camadas de tempo, história e culturas que possibilitam diferentes apropriações e transformações de seus espaços, da sua visualidade e das possíveis percepções sobre ela. A diversidade marca a cidade contemporânea, onde convivem simultaneamente diversas formas de expressão, de culturas, de origens; e onde as diferentes camadas sócio-políticas se acumulam, justapões e fundem em uma única cultura urbana. Para evitar a aproximação destas diversidades há o isolamento das camadas sociais em recriações de guetos como bairros populares. E esta exclusão é uma condição espacial que une os que se encontram em situação econômica e social semelhante: a imagem da diferença social se materializa no espaço e se cristaliza como paisagem na cidade.
A cidade de Caxias do Sul como um símbolo de crescimento econômico no estado do Rio Grande do Sul, tem a sua paisagem tanto o suporte para as transformações como o resultado das mesmas. Compreende-se que na sua construção ocorreram renovações morfológicas para atender novas necessidades e classes sociais, onde os espaços constituem-se como estruturas de poder entrelaçados (FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder).
O presente trabalho trata de uma análise visual sobre um recorte de um bairro às margens da paisagem e do planejamento urbano de Caxias do Sul, utilizando a linguagem fotográfica e a collage como instrumentos de representações, análises e possíveis significações a partir do olhar para a geometrização das unidades e a (des) geometrização do todo.
Palavras-chave: Paisagem; Fragmentação; Representação; Periferia; Poder; Fotografia
 
O Lugar e o CEAR Sepé Tiaraju, a topologia do poder, a permanência e a transformação social
Marcelo Kiefer.

PROPAR.UFRGS
O comando tem uma disposição topológica, um lugar onde ele é dado. Essa ordem, esse princípio, como fenômeno de determinação e de poder, está na obra “Mal de Arquivo – um Impressão Freudiana” de Derrida. Trata-se do lugar do limite, da escravização e opressão, do aprisionamento, do conhecido, do seguro, mas pode tratar também do lugar das possibilidades, do potencial, do risco, do encontro, do estranho, o outro lugar, o lugar da consciência e desejo. O lugar é simultaneamente o lugar da errância e da espera, dos encontros e das separações, da repetição e da diferença de Deleuze, o lugar do tempo e do tempo um lugar. É o lugar do pertencimento e da individualidade, do eu e do outro, o lugar do ser e do tempo, o lugar das permanências e das transformações. O caso do CEAR Sepé Tiarajú (Cooperativa de Educação ambiental e Reciclagem) em Porto Alegre é analisado, destacando as construções topológicas das “ordens” e seus reflexos, tanto como o poder da opressão e do sentimento de excluído quanto o poder do fortalecimento dos valores em permanência no sujeito, o poder das possibilidades e das transformações.
Palavras-chave: Lugar, CEAR, Permanência-Transformação, Repetição-diferença, Poder
 
A Porta
Fernando Fuão
Faculdade de Arquitetura. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
A palavra “porta” porta muitos significados desde seu substantivo até o verbo portar; entretanto a porta em sí serve como uma espécie de palavra última que designa a questão do transporte, espécie de veículo, tal qual a metáfora, elemento de deslocamento, uma ponte que deixa passar e entrar qualquer coisa, início e fim da arquitetura, da filosofia e da vida. Portar é transpor, portar é sempre uma transposição. Derrida em O ouvido de Heidegger e em Políticas da Amizade analisou a questão do amigo em Heidegger, o dasein que nunca está só, e que porta sempre esse estranho amigo mudo, mudo como uma porta, que porta junto a sí (bei sich tragt), porta em si num lugar que não está incluído nem excluído, nem interior nem exterior, nem próximo nem longe, em sua proximidade. A porta porta a porta. Talvez a porta nos porte, assim como portamos esse outro.
O ser não porta a porta, o amigo em sí, mas em "mim", dentro de mim, como observou Derrida. Esse ensaio a partir das reflexões de Derrida, Levinas, Latour e Simmel e das portas criadas por Duchamp, irá propor uma outra dimensão de ver e atravessar a porta; para isso recuperará a profundidade, utilizado na antiguidade como o elemento mais radical da arquitetura, mas ardilosamente aplastado, superficializado pela modernidade. A porta guarda e aguarda, Derrida porteiro.
Palavras-chave: porta, Derrida, ponte, Duchamp, abertura.